Os processos de reterritorialização dos imigrantes haitianos na região de Londrina-PR e sua interface com duas religiões
DOI:
https://doi.org/10.48213/travessia.i82.376Palavras-chave:
Fluxos migratórios, . Processos de reterritorialização, ReligiãoResumo
Considerando a intensificação do fluxo migratório haitiano para o Brasil em 2010, o presente artigo problematiza os processos de reterritorialização a partir das interfaces com o trânsito religioso e os vínculos com organizações ou instituições religiosas nos processos de integração e consolidação de redes de apoio e solidariedade. A investigação constituiuse de levantamento bibliográfico acerca da temática, pesquisa de campo com observação e entrevistas com sujeitos haitianos na região de Londrina-PR entre 2015 e 2017. A imigração é um processo social do mundo contemporâneo, e o Brasil está inserido nesse cenário como um país de recepção de imigrantes no século XXI. Tendo como opção teórica as contribuições do geógrafo Milton Santos, compreende-se que o imigrante, ao se deparar com um território desconhecido, submete-se a um processo de reterritorialização, projetando sua inserção nesse novo território. No contexto dos imigrantes há um trânsito religioso motivado pelo processo de mudança e pelo novo cotidiano, que vivem no país receptor a partir de suas características que contribuem para a reterritorialização. Tal aspecto se torna fundamental para os diferentes grupos migratórios e pode ser identificado como uma das principais estratégias de inserção e resistência de sua identidade cultural, tendo em vista a constituição de relações pessoais dentro de organizações e instituições religiosas locais. As fontes orais indicam a organização dos imigrantes em três igrejas do campo pentecostal exclusivamente para este grupo; também indicam que o Estado brasileiro não tem sido pleno provedor de políticas públicas para os imigrantes, em consequência, as instituições confessionais, sobretudo a Rede Caritas e a Pastoral do Migrante da Igreja Católica, têm sido as principais responsáveis, junto aos imigrantes haitianos no norte do Paraná, pelo processo de acolhimento, regularização da documentação, concessão de bens materiais de necessidades básicas, bem como pela disseminação de informações acerca do acesso aos bens e serviços sociais.