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  • DIÁLOGOS NO CEM - A QUESTÃO PALESTINA

    2025-11-12

    A questão Palestina

    com Samuel Kilsztajn (PUC-SP)

    Missão Paz - Rua Glicério, 225. Liberdade. São Paulo

    14/11/25 - 14h - 15h30

    Inscreva-se pelo link ,abaixo.

    https://doity.com.br/a-questao-palestina

    Seminário presencial com transmissão ao vivo

    Facebook: /missaopazsp  /radiomigrantes.net 

    youtube.com/@webradiomigrantes

    Quais as lições históricas da Guerra genocida entre Israel e a Palestina?

    Por SAMUEL KILSZTAJN - PUC-SP

    Mediação: José Carlos Pereira - CEM/MISSÃO PAZ/GEPHOM

    Quantas vezes pode um homem virar a cabeça e fazer de conta que, tão-somente, não está vendo nada?

    1. Uma amiga me perguntou se eu sempre me entendi antissionista. Respondi: “Nunca fui sionista e, em algum momento, me transformei em antissionista (cada vez mais radical). Fiz o ensino fundamental em colégio judaico no Bom Retiro (Renascença). A certa altura, me dei conta do sionismo e de que os judeus deveriam ir para Israel, a Terra Prometida. Então pensei comigo mesmo, ‘Nossa! Eu então aqui sou o rei, porque nasci lá’ (eu sempre acho que sou o rei da cocada preta… até cair do cavalo).

    “Ingressei no ensino médio em colégio público (o Estadual do Parque D. Pedro II), em plena ‘guerra triunfal’ de Israel em 1967, e foi lá que ouvi as primeiras alusões antissionistas. Em 1968, comecei a militar na Polop e me posicionava a favor do povo palestino.

    “Em 2012, depois que meus pais deixaram este mundo, comecei a escrever as suas memórias do Holocausto… e foi assim que eu caí do cavalo. Descobri que eu não era o rei porque nasci na Terra Prometida, eu, na verdade, era um traidor.

    Jewish Telegraphic Agency – JTA, 25fev1954

    “Em Returnees, consta ‘Haim Yahil, do Ministério das Relações Exteriores de Israel, que estava na Alemanha trabalhando no Acordo de Reparações, disse que os judeus brasileiros, ao invés de imigrarem para Israel, manifestavam o seu sionismo sendo hostis aos returnees.’”

    Minha amiga, que não é judia, respondeu: “Acho que a queda é um mito que nem todos têm a sorte de viver. Minha queda desse cavalo – eu cresci entre sionistas de esquerda, centro e direita – veio bem mais tarde, em 2019, e levou uns anos até se consolidar em 2023. Fico chocada como são poucos os que se atrevem a cair desse cavalo”.

    2. Outro amigo, este de ascendência judia, que acompanhava de perto a minha trajetória antissionista, ao ler o artigo A violência dos sionistas, postado após o 7 de outubro de 2023, escreveu em 22 de novembro do mesmo ano: “Não posso concordar com um artigo que começa com a frase ‘A violência dos sionistas em relação aos palestinos não começou em 7 de outubro de 2023…’ Não concordo com o inteiro teor do texto, ou seja, com a seleção de fatos e/ou argumentos que se encaixam teleologicamente na concepção do autor. Com a omissão, por exemplo, do fato de que centenas de milhares de judeus foram expulsos de países árabes do Oriente Médio e do Magreb depois da vitória de Israel na guerra de 1948. Não concordo especialmente com o final do texto, que usa como recurso retórico a posição alucinada de judeus fundamentalistas que são contra a existência de Israel porque acreditam que tal advento só poderia ocorrer com a chegada de um suposto messias. Aí já se ingressa no terreno do aluamento. Vai quem quiser. Eu, não. Espero que você reconheça o direito à divergência. Saudações”.

    Três meses depois, o mesmo amigo me encaminhou um e-mail com o título “Crise”: “Teu relato sobre os returnees foi um primeiro sinal de que havia alguma (ou muita) coisa errada com Israel. Hoje digo para você que estou horrorizado não apenas com o governo israelense e a maioria que o levou ao poder, não apenas com a trajetória histórica do Estado de Israel, não apenas com os setores fascistas, reacionários e todo tipo de picaretas da Diáspora, mas com a própria imagem da judeidade formada na minha cabeça ao longo de mais de 70 anos. Como você pode imaginar, Israel, na minha infância, adolescência, juventude, idade madura e bem depois era uma entidade acima das críticas que poderiam ser feitas a certos aspectos daquela sociedade. Acho que funcionava assim para a maioria dos judeus fora de Israel. Tudo isso desabou em semanas. Compreendo melhor, agora, as tuas posições. Deixou de existir a imagem de um conjunto de valores morais pelos quais supostamente se guiariam os filhos do ‘povo eleito’. Era uma premissa entranhada que alimentei (ou com que fui alimentado) década após década, apesar dos pesares e mesmo reconhecendo os direitos dos palestinos. Nunca imaginei me ver num contexto tão adverso. Acho que só existe saída na luta pela paz, que ainda estará engatinhando, se tanto, quando nós tivermos morrido. Mas não vejo outro caminho. Sem isso só restará amargura e, no limite, desespero. Abração”.

    Quantas mortes serão necessárias até que se saiba que muitas pessoas já morreram?

    Quantos anos pode um povo existir até que permitam que ele seja livre?

    The answer, my friend, is blowin’ in the wind.

    * Samuel Kilsztajn é professor titular em economia política. Autor, entre outros livros, de Salaam Aleikum, Palestina! [https://amzn.to/46OhGIb]

    Texto publicado em 05/08/2025 no Portal A terra é redonda.

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  • Chamada para dossiê: “Economia humanitária, fronteiras, securitização e militarização das migrações”

    2025-08-18

    Chamada para dossiê: “Economia humanitária, fronteiras, securitização e militarização das migrações”

    O objetivo do dossiê é fomentar um debate interdisciplinar sobre as formas contemporâneas de gestão populacional e territorial dos processos migratórios, enfocando-os a partir das dinâmicas de securitização e militarização das migrações; a formação de uma economia humanitária que viabiliza a gestão de centros, abrigos e campos de recepção de pessoas em mobilidade. Nesse contexto, apontamos o paradoxo dos discursos que se alternam entre defesa de direitos e repressão, com destaque para a presença das tecnologias digitais, enquanto mecanismos de inclusão/exclusão cuja crescente sofisticação ocorre através de governança tecnocrática e descentralizada, voltada à promoção da segurança via controle e datificação do corpo, por meio de coletas da íris às digitais de migrantes. As fronteiras contemporâneas se tornaram, dessa forma, tecno-militarizadas, como resposta ao aumento expressivo de pessoas que as cruzam, como também tecno-mediadas, no sentido das tecnologias digitais ubiquamente empregadas.

    Interessa-nos publicar trabalhos que analisem mudanças nos papéis que vêm sendo cumpridos pelos Estados nacionais (de zona de espera, espaço de trânsito ou de retenção, local de processamento de pedidos de asilo, circulação fronteiriça etc.) na conformação de um controle global das migrações, mediante a externalização das fronteiras para outros Estados, ou não, dos países que erguem “muros” multiformes globais, procurando impedir que migrantes, solicitantes de refúgio, apátridas cheguem ao seu território ou torná-los inelegíveis para proteção sem avaliação individual dos seus pedidos.

    Esse processo culmina em expansão e especialização territorial das dinâmicas de securitização das migrações, à montagem de serviços e negócios humanitários de acolhimento e logística, manejado por organismos e agências internacionais, nacionais, ONG’s, empresas e instituições religiosas. Ademais, a relação entre migração e plataformização se acentua em um contexto de crescente precarização do trabalho a partir da associação com as Big Techs, tanto por meio de trabalho direto, como no caso dos entregadores ou motoristas de aplicativos, como daqueles que dependem das redes sociais para realizarem as suas vendas, no caso dos “empreendedores” que têm lojas virtuais ou como no dos influenciadores migrantes. Esses movimentos enfatizam a gestão de si como fundamento, aprofundando um caminho individual e desligado das responsabilidades de proteção de direitos e promoção do trabalho digno. Tais aparatos fronteiriços, observados nos pontos de chegada, passam a ser também interiorizados, o que exige um conjunto de novos estudos específicos que esse dossiê também visa provocar.

    Logo, refletir sobre a externalização e internalização de fronteiras nos impele a pensar sobre a relação entre tecnologias digitais e migrações transnacionais, além de evocar a dialética entre mobilidade e imobilidade que se desenvolve no marco dos processos de globalização e financeirização do capital, os quais propiciaram políticas de gestão populacional ainda mais complexas. A chamada, portanto, coloca luz em estudos interdisciplinares que abordem, em diferentes escalas, a ação de estados, organismos e agências nacionais e internacionais, ONG’s, organizações religiosas e empresas nas dinâmicas de gestão e controle securitizado e militarizado das migrações, considerada à conformação de um campo logístico da documentação ao acolhimento, passando pela arregimentação do trabalho, e suas condições e relações de exercício. Fomentamos também trabalhos que analisem tais dinâmicas e os novos sentidos que ganham a fronteira, no processo de externalização e internalização – ou estabelecimento de um mundo fronteira.

    A Revista Travessia convida pesquisadoras/res dos diferentes campos das Ciências Humanas e Sociais a submeterem artigos para o dossiê. Recebemos textos em formato de artigos originais, notas de pesquisa, entrevistas, resenhas, contos e poemas em português, espanhol, francês ou inglês.  O prazo final para a submissão dos textos é 15/10/2025.

    Clique no link, abaixo, e acesse as normas de publicação da Revista Travessia. 

    https://revistatravessia.com.br/travessia/about/submissions

    Envie o seu texto pelo site ou pelo e-mail da Revista Travessia.

    travessia@missaonspaz.org

    Organizadores do dossiê

    Ana Carolina Gonçalves Leite (UFPE)

    Carlos Freire (UFPA)

    Sofia Zanforlin (UFPE)

    Tatiana Waldman (MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA)

     

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  • Política Migratória Brasileira e Comparada na América do Sul

    2023-04-10

    Está disponível a 2ª Edição do livro “Política Migratória Brasileira e Comparada na América do Sul”, um compêndio de Decretos, Leis e outras políticas migratórias realizado por Mayra Coan Lago no âmbito do projeto Solidariedade Além das Fronteiras, estabelecido entre Missão Paz e Fundação Rosa Luxemburgo. Nenhum ser humano deve ser classificado como ilegal, não importa sua origem, raça, gênero, classe ou crenças religiosas. O presente levantamento é resultado de uma preocupação em organizar, sistematizar, analisar e disponibilizar os principais marcos legais sobre direito à migração na América Latina. O esforço parte da premissa da mobilidade como um direito humano, que deve ser garantido de maneira universal. Ao apresentar dados, informações e análises específicas sobre como os treze países que compõem a América do Sul tratam a questão, a Missão Paz realiza uma contribuição fundamental para o debate sobre avanços, obstáculos e perspectivas possíveis.

    A pesquisa foi realizada por Mayra Coan Lago, professora de relações internacionais e uma das principais conhecedoras do tema na região. A publicação contou com o apoio da Fundação Rosa Luxemburgo e é parte do trabalho sólido, bem fundamentado e coerente da Missão Paz no acolhimento e defesa de direitos de migrantes no Brasil. O resultado entusiasma todas as pessoas que compartilham uma perspectiva internacionalista e humanista do direito à mobilidade.

    Por Daniel Santini e Torge Löding

    Fundação Rosa Luxemburgo

    Clique aqui e acesse o livro

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  • Política Migratória América Central, Caribe e México

    2023-04-10

    “A pandemia expôs os grupos sociais mais vulneráveis aos efeitos socioeconômicos e psicológicos da Covid-19, como os afrodescendentes, indígenas, mulheres e migrantes (...) De modo geral, muitas pessoas que estavam se deslocando (‘em trânsito’) foram barradas pelas fronteiras fechadas, por muros
    ou mesmo por barreiras policiais e ficaram à espera de uma solução dos estados receptores e de suas decisões” (Mayra Coan Lago). Um mundo bem mais restrito para migrantes negros e indígenas do que para turistas brancos avermelhados pelo sol do Caribe. É com um olhar cuidadoso para as diferenças e
    uma preocupação em reunir e organizar subsídios técnicos sobre direito à migração que a autora procurou analisar diferentes “Políticas Migratórias na América Central, Caribe e México”. O trabalho é uma continuidade do levantamento iniciado com o livro “Política migratória brasileira e comparada na América do Sul”, publicado no primeiro semestre de 2021. A inclusão de mais países e o esforço para ampliar o estudo sobre uma região tão profundamente impactada pela migração é parte do projeto Solidariedade Além das Fronteiras, estabelecido entre Missão Paz e Fundação Rosa Luxemburgo. Trata-se de uma proposta de ampliar o debate sobre políticas públicas de garantias de direitos. Tudo a partir de uma perspectiva internacionalista e do sonho de uma sociedade em que a solidariedade além das fronteiras seja regra e não exceção, em que não se negue água para crianças com sede cruzando desertos, em que policiais não tenham cobras nos olhos e nem olhem de maneira diferente para negros ou indígenas. Um sonho em que migrar seja uma opção, em que todas as pessoas tenham con dições de vida dignas e liberdade para decidir, em que nenhum ser humano seja forçado a fugir. Um sonho em que o racismo e toda forma de preconceito tenha sido superado e em que a humanidade gaste mais na
    construção de pontes do que de muros.
    Por Daniel Santini e Torge Löding
    Fundação Rosa Luxemburgo

    Clique aqui e acesse o livro

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