Anatomia da saúde pública. Epidemias e enfermidades na São Paulo dos imigrantes, na passagem para o século XX
o caso dos espanhóis
DOI :
https://doi.org/10.48213/travessia.i84.915Mots-clés :
Imigração em massa, Imigração espanhola, Saúde Pública, Epidemias, Associações Beneficentes, Práticas Terapêuticas PopularesRésumé
Concebido, em parte, como decorrência do processo de imigração em massa, o modelo sanitário adotado pelo Estado de São Paulo refletiu o vínculo que associava o imigrante exclusivamente aos interesses da economia do café. O impacto da chegada da massa estrangeira e a complexa dinâmica populacional observada após a entrada daqueles largos contingentes, se, por um lado, provocou um desequilíbrio motivado pelo aparecimento de inúmeras moléstias trazidas por eles, por outro, os fez defrontar-se com as doenças tropicais, exóticas aos seus corpos, causando, conseqüentemente, um choque entre populações imunológica e culturalmente distintas. Diante disso, e dada a carência da assistência prestada aos imigrantes pobres e enfermos, e a negligência das oligarquias estaduais com respeito a medidas sanitárias, este artigo pretende discutir como soluções alternativas germinaram no seio da colônia espanhola radicada em São Paulo, quer sejam as originadas pelas associações de beneficência e ajuda mútua ou as de cárater filantrópico exercidas por membros da colônia, destacando, ainda, como o uso de antigas práticas caseiras populares de cura proliferaram junto às tradições terapeuticas dos imigrantes, enquanto crescia, estimulado pelos reclames nas publicações semanais, o uso de medicamentos, elixires e preparados, a quem se atribuíam propriedades miraculosas.